Em reunião com líderes do Senado, o
presidente interino Michel Temer disse que pretende enviar na segunda-feira
(23) proposta de revisão da meta fiscal com elevação do deficit de R$ 96
bilhões para cerca de R$ 150 bilhões.
O acordo definido na terça-feira (17) entre o peemedebista e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), é que seja convocada uma sessão congressual na próxima terça-feira (24), já que o prazo para votar a revisão da meta termina no domingo (29).
"Se não aprovar, daqui a pouco quem estará cometendo pedalada fiscal sou eu", disse Temer segundo senadores presentes ao encontro.
Na reunião, o presidente interino também pediu celeridade na aprovação de medidas econômicas e fez críticas a iniciativas de última hora da presidente afastada Dilma Rousseff (PT) que, segundo ele, tiveram impacto no orçamento nacional.
Uma das reclamações feitas foi em relação à concessão de 11 mil moradias do Minha Casa, Minha Vida, que foi suspensa na terça-feira (17) pelo ministro Bruno Araújo (Cidades).
"Ele tem feito um inventário dessa herança maldita para em breve apresentar de forma detalhada ao Brasil e denunciar boicotes que foram praticados antes da saída de Dilma Rousseff", disse o líder do PSDB no Senado Federal, Cássio Cunha Lima (PB).
De acordo com o senador, Temer pediu a assessores que entrem em contato com o ministro para que ele explique ao país que apenas suspendeu os repasses para checar a viabilidade de mantê-los e não que os cancelou sem análise.
Segundo o tucano, Temer evitou falar em proposta de recriação da CPMF e pediu empenho na prorrogação da DRU (Desvinculação de Receitas da União). A ideia da base aliada é votá-la ainda nesta quarta-feira (18).
O presidente interino acertou também rapidez na tramitação da emenda constitucional, que será enviada pelo Palácio do Planalto, que confere foro privilegiado ao novo presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn.
"Antes de qualquer medida, é necessário ter a percepção real do rombo nas contas públicas", disse Cunha Lima.
No encontro, Temer disse aos senadores que pretende realizar reuniões constantes com eles para tratar das medidas que serão enviadas pelo Executivo ao Legislativo antes que elas de fato sejam apresentadas. A ideia é amadurecer as propostas antes mesmo que elas cheguem para a discussão no Congresso, para evitar desgastes com os parlamentares.
O presidente interino comentou com os parlamentares que, ao ler o noticiário do fim de semana, "teve a sensação de que já é presidente há um ano e meio, tamanha a cobrança dos jornais". Ele afirmou ainda que as medidas duras que podem levar a uma "impopularidade momentânea" podem resultar "em uma popularidade definitiva".