A leitura era o último passo antes da
votação
Depois de três semanas de obstrução de
deputados da oposição, o projeto que ficou conhecido como Escola sem Partido
(PL 7180/14 e apensados) teve um avanço no trâmite
legislativo. O parecer do relator, deputado Flavinho (PSC-SP), foi lido na comissão especial e houve pedido de
vista coletivo por duas sessões do
Plenário da Câmara. Assim, o texto deverá estar apto para votação em breve. Ao
total foram seis tentativas de leitura do substitutivodesde 30 de outubro.
Manifestantes continuaram lotando o plenário da comissão, com
cartazes favoráveis e contrários ao texto. A reunião foi aberta às 10:38 e
prosseguiu por cinco horas, com tentativas de obstrução por parte da oposição
por meio da apresentação dequestões de ordem – ou seja, de questionamentos sobre a
condução dos trabalhos.
Em muitos momentos, o clima ficou tenso entre os deputados e também entre os manifestantes. Em alguns desses momentos, deputados da oposição acusaram o presidente da comissão especial, deputado Marcos Rogério (DEM-RO), de cassar a palavra deles. Rogério negou e afirmou que os parlamentares da oposição queriam protelar os trabalhos.
Durante a reunião, a deputada Professora Marcivânia (PCdoB-AP) acusou os apoiadores da proposta de elegerem os professores como inimigos do Brasil e afirmou que esses parlamentares são os mesmos que votaram favoravelmente à Emenda do Teto de Gastos (EC 95) que, segundo ela, prejudica a educação no País. Ela afirmou que o texto fere a liberdade de cátedra – liberdade de ensinar – que é um dos desdobramentos do direito constitucional à liberdade de expressão.
Para o relator, deputado
Flavinho, é mentira dizer que a proposta fere a liberdade de cátedra. “O
projeto reforça o que é o preceito constitucional da liberdade de ensinar e
aprender. Agora, não é um direito absoluto.”
Flavinho disse que há diferença entre professores e
doutrinadores e que o projeto busca coibir a atuação desses. “Isso estava muito
escondido, ninguém falava sobre doutrinação em escola. Apareceu o problema”,
disse. Para ele, o projeto “traz luz sobre o problema” e ajuda a combater o
bullying contra alunos e professores. Segundo o relator, os alunos e pais que
se sentem lesados pelos doutrinadores devem poder produzir provas contra eles,
por exemplo, filmando-os em sala de aula.
Decisão do STF
O deputado Ivan Valente (Psol-SP) afirmou que a oposição pretende continuar obstruindo os trabalhos na comissão especial até 28 de novembro, quando o plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) julgará lei estadual de Alagoas semelhante ao projeto do Escola sem Partido. Apesar de valer apenas para Alagoas, deputados da oposição afirmam que a decisão do plenário do Supremo - que tende a derrubar a lei - já indicará o entendimento da corte sobre o tema.
O deputado Ivan Valente (Psol-SP) afirmou que a oposição pretende continuar obstruindo os trabalhos na comissão especial até 28 de novembro, quando o plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) julgará lei estadual de Alagoas semelhante ao projeto do Escola sem Partido. Apesar de valer apenas para Alagoas, deputados da oposição afirmam que a decisão do plenário do Supremo - que tende a derrubar a lei - já indicará o entendimento da corte sobre o tema.
“Essa comissão não é maior
do que a Constituição, não é maior do que a liberdade de ensinar e aprender”,
disse Valente. “O Brasil não vai aceitar que cada sala de aula vire uma Gestapo
[polícia na Alemanha nazista]. Vocês não querem escola sem partido, vocês
querem escola de um partido único fascistóide”, completou.
Já o deputado Pr. Marco Feliciano
(Pode-SP) afirmou que há perseguição e doutrinação nas salas de aula. “Em vez
de as universidades brasileiras gerarem intelectuais, as universidades
brasileiras geram mini-Che Guevaras [guerrilheiro líder da Revolução Cubana].
Os meninos entram nas universidades e viram revolucionários de iPhones nas
mãos”, disse. Para ele, o debate sobre o Escola sem Partido já funcionou,
porque o alerta para os alunos, pais e professores sobre a suposta doutrinação
já foi feito.
Teor do texto
O novo substitutivo do deputado Flavinho mantém seis deveres para os professores das instituições de ensino brasileiras, como a proibição de promover suas opiniões, concepções, preferências ideológicas, religiosas, morais, políticas e partidárias. Além disso, está mantida a proibição, no ensino no Brasil, da “ideologia de gênero”, do termo “gênero” ou “orientação sexual”.
Teor do texto
O novo substitutivo do deputado Flavinho mantém seis deveres para os professores das instituições de ensino brasileiras, como a proibição de promover suas opiniões, concepções, preferências ideológicas, religiosas, morais, políticas e partidárias. Além disso, está mantida a proibição, no ensino no Brasil, da “ideologia de gênero”, do termo “gênero” ou “orientação sexual”.
A principal mudança em relação ao
parecer anterior é a inclusão de artigo determinando que o Poder Público não se
intrometerá no processo de amadurecimento sexual dos alunos nem permitirá
qualquer forma de dogmatismo ou tentativa de conversão na abordagem das
questões de gênero.
Reportagem – Tiago Miranda e Lara
Haje
Edição - Natalia Doederlein
Edição - Natalia Doederlein
Fonte: Câmara de Notícias
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