Ministro
disse que quer valorizar o professor e deve anunciar reajuste do piso de 2015
na próxima semana
BRASÍLIA— O novo ministro da
Educação, Cid Gomes, disse nesta sexta-feira que espera implantar, no prazo de
dois anos, a revisão do currículo de ensino médio no país. Ele enfatizou que
vai propor um amplo debate sobre a proposta, que considera necessária para
aumentar a escolaridade e o nível de aprendizagem dos jovens brasileiros. Cid
falou sobre o tema após a solenidade de transmissão de cargo, no Ministério da
Educação (MEC).
A
revisão curricular deverá ocorrer simultaneamente a outro debate previsto no
Plano Nacional de Educação (PNE): a definição de bases nacionais curriculares
comuns no ensino fundamental e médio. Essas bases indicarão conteúdos mínimos
que deverão ser aprendidos pelos alunos em todo o país.
—
Esse é um processo que demandará muito diálogo, porque os sistemas no Brasil
são autônomos. O estado de São Paulo pode fazer o seu currículo, o Rio de
Janeiro pode fazer diferente. Cada estado tem autonomia. O que nós queremos,
então, é caminhar para a unificação de um currículo básico e, no ensino médio,
particularmente, abrir um processo de discussão para examinar alternativas de
aprofundamento por áreas, enfim, e currículos que tenham identificação com
realidades regionais.
Embora reconheça que a
mudança levará tempo, Cid arriscou um prazo:
—
Esse é um processo que não se fará do dia para a noite. Imagino que, começando
agora, a gente possa pensar num prazo de dois anos para sua implantação.
Segundo
o ministro, a revisão curricular seguirá as diretrizes do Exame Nacional do
Ensino Médio (Enem):
—
Uma coisa é a unificação de uma base, de um currículo para o Brasil, para o
ensino fundamental e o ensino médio. E outra coisa é diversificar e trazer
variações no currículo específico do ensino médio, mas com tudo que há de
conteúdo previamente definido. Isso facilitará, certamente, a realização do
Enem.
Cid
enfatizou que qualquer modificação curricular exigirá a participação direta dos
estados e municípios, que são os responsáveis pela maioria das escolas e têm
autonomia. No caso do ensino médio - e sempre ressalvando a necessidade de
amplo debate -, ele defendeu a diversificação curricular, isto é, que os alunos
possam dar mais ênfase a um grupo ou outro de disciplinas durante o curso,
conforme a vocação:
—
Isso não é uma coisa que eu possa dizer como será: tem que ser antecedida de um
grande processo de discussão, onde educadores, professores, diretores, a
universidade devem contribuir. Cada um tem opiniões e a gente deve tentar unificar
essas opiniões. Eu, particularmente, penso que é importante que a gente, já no
ensino médio, vá oferecendo aos estudantes a possibilidade de um aprofundamento
nas áreas que eles têm mais identificação, mais vocação, mais afinidades.
O
novo ministro não deu detalhes da proposta de revisão curricular. Indagado
sobre diretrizes de ensino médio já aprovadas pelo Conselho Nacional de
Educação (CNE) e sobre ações do próprio MEC que buscam estimular a
diversificação curricular, ele respondeu:
— Eu
vou aqui cumprir determinações da presidenta Dilma. Eu fui gestor, chefe de
Executivo como prefeito e governador. Agora, aqui, eu sou um auxiliar da
presidenta Dilma e devo implementar no ministério as políticas, as premissas,
os compromissos que ela assumiu. Um desses compromissos é a revisão do ensino
médio. Isso tem que ter uma série de deliberações.
Cid
disse que pretende anunciar na semana que vem o índice de reajuste do piso salarial
do magistério para 2015. A fórmula de cálculo é prevista em lei. Anualmente, o
MEC divulga o percentual do aumento, que já passa a valer em janeiro.
O
ministro prometeu valorizar os professores, mas sem detalhar. Disse que a
remuneração é apenas um dos caminhos para isso e acenou com a possibilidade de
avaliar os profissionais da educação para fins de progressão na carreira:
—
Avaliação de professores como uma forma de procurar melhorar. É um debate que
eu pretendo colocar (em pauta).
Indagado
sobre uma declaração que gerou polêmica ao tratar da remuneração e vocação de
servidores públicos, Cid afirmou:
— O
que eu disse é que servidor público, quer seja ele vereador, prefeito,
governador, deputado, médico, professor, tem que ter, antes de qualquer coisa,
vocação para isso. Porque é uma atividade de doação. É um espaço que tem por
natureza a disposição de sacrifício pessoal. E que, portanto, isso é
fundamental: vocação, amor pelo que faz. Claro que tem que ter boa remuneração.
Eu nunca disse que não teria. E seria um contrassenso, porque eu sou filho de
pai e mãe professores. E, lá em casa, o papai garantia o básico, mas qualquer
extra era a mamãe que dava. Então, até por experiência pessoal, eu sei que é
importante que os professores sejam bem remunerados.
Cid
afirmou que trabalhar para cumprir as metas do Plano Nacional de Educação,
aprovado pelo Congresso e sancionado pela presidente Dilma Rousseff, no ano
passado. O plano prevê a definição de bases nacionais curriculares no ensino
fundamental e médio, a fim de garantir direitos mínimos de aprendizagem. Ou
seja, conteúdos que os alunos brasileiros deveriam obrigatoriamente dominar ao
concluir o ensino básico.
A
solenidade foi prestigiada por ministros do novo governo e políticos cearenses.
Mas o presidente nacional do PROS - o partido de Cid -, Euripedes Júnior, e
outros dirigentes da sigla não compareceram.
—
Estavam aí alguns deputados do PROS — disse o novo ministro. — Indicação de
ministério é uma responsabilidade da presidenta Dilma. Não vou comentar.
O
deputado federal Hugo Leal (PROS-RJ) estava presente e minimizou a ausência:
—
Pela dimensão que a presidenta Dilma deu (à educação), não dá para ficar nessa
pequenez de cargo — afirmou Leal.
O
lema do segundo mandato da presidente Dilma Rousseff será "Brasil, pátria
educadora". Para Cid, isso aumenta a responsabilidade da pasta:
— O
Brasil, nos últimos anos, conseguiu dar um salto importante na redução da
miséria e na criação de um novo patamar social para milhões de brasileiros. O
grande desafio agora é a educação fazer com que a gente possa melhorar os
nossos indicadores sociais. E esse realmente é o único caminho.
Por
Demétrio Weber
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