O deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ),
presidente da Câmara dos Deputados e integrante da bancada evangélica, afirmou
que vai receber “nos próximos 30 dias” um parecer jurídico sobre o pedido de impeachment da
presidente Dilma Rousseff (PT).
Cunha, que foi
mencionado em um depoimento do lobista Julio Camargo à Polícia Federal na
Operação Lava-Jato, afirmou que o pedido de impeachment que será analisado agora foi feito
pelo Movimento Brasil Livre, segundo informações do Correio Braziliense.
O parlamentar
destacou que outros “três ou quatro” pedidos semelhantes de outras entidades já
foram rejeitados após o parecer da equipe jurídica da Câmara, mas que agora há
um novo componente à disposição, já que o Tribunal de Contas da União (TCU)
deverá rejeitar o exercício fiscal do governo em 2014, por causa de
“pedaladas”, nome dado às manobras fraudulentas das dívidas.
A afirmação de
Cunha sobre o impeachment acontece
num momento que o parlamentar confirmou que irá romper sua aliança pessoal com
o governo, após ser acusado por Julio Camargo de receber propina de R$ 5
milhões do esquema na Petrobrás, de acordo com informações do jornal O Estado
de S. Paulo.
Até então,
apesar da postura independente à frente da Câmara, Cunha seguia a orientação
política de seu partido, que possui aliança de longa data com o PT.
A jornalista
Rachel Sheherazade, comentarista da rádio Jovem Pan, afirmou nesta sexta-feira,
17 de julho, que “o que Camargo fala não se escreve”, pois ele já fez
“afirmações em outros depoimentos, que posteriormente desmentiu”, e que sua
repentina lembrança da propina a Cunha pode ser uma “cortina de fumaça” a favor
do PT e do governo.
Sheherazade
lembrou ainda que a afirmação de Camargo contra Cunha acontece no momento em
que Lula se tornou alvo de uma investigação por tráfico de influência.
O cenário político agora coloca Cunha
com liberdade para assumir sua posição de adversário de Dilma, uma vez que,
conforme destacado por Sheherazade, o presidente da Câmara acredita que o
depoimento de Camargo teria sido influenciado pelo PT, para que a pressão sobre
Dilma fosse aliviada.
“Após a
divulgação da delação de Camargo, Cunha encontrou-se com o vice-presidente da
República, Michel Temer, comandante do PMDB, para tratar do assunto. O
rompimento [com o governo] foi revelado pelo site da revista Época na noite de quinta.
Cunha confirma a informação. O movimento já era esperado por aliados e
opositores do presidente da Câmara. Um deputado do DEM avalia que o governo
terá neste segundo semestre o seu pior momento, pois Dilma será o principal
alvo de Cunha. Para o parlamentar, o peemedebista não mais evitará a abertura
de processo de impeachment contra
a petista. Para um peemedebista, Cunha teria mesmo que deixar de ser
‘camaleão’, ora governista, ora oposicionista, para assumir de fato seu papel
de adversário da presidente Dilma Rousseff. Dentro do PMDB, Eduardo Cunha é a
principal voz favorável ao rompimento com o PT”, informou o jornalista Daniel
Carvalho, no site do Estadão.
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