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15 maio 2014

Opinião: Divórcio é um risco quando a mulher ganha mais

Quando li na semana passada que Angela Ahrendts receberia até US$ 68 milhões como presente de boas vindas ao ser contratada pela Apple, a primeira coisa em que pensei foi em seu marido.
Essa mais recente adição à vasta pilha de dinheiro que ela já controla deve ter catapultado seu marido, Gregg, ao topo da lista mundial do "minha mulher ganha mais que eu".
É uma notável realização. Não sei se os dois se gostam, mas certamente estão juntos há muito tempo. Conheceram-se na escola e Gregg deixou o emprego para acompanhá-la ao Reino Unido, quando ela se tornou presidente da Burberry.
Ele parece ter passado os oito últimos anos cuidando dos três filhos do casal, reformando a casa e preparando o jantar para recebê-la quando ela retorna de um longo dia de trabalho cambaleando sobre seus saltos de 12 centímetros.
Suspeito que o verdadeiro gênio de Ahrendts esteja menos na forma pela qual ela persuadiu pessoas a comprar capas de chuva de 22 mil libras com acabamento em penas de avestruz do que em persuadir Gregg a se casar com ela - e se manter ao seu lado desde então.
Já não é mais particularmente raro que mulheres tenham o maior salário da casa - nos Estados Unidos, um quarto das mulheres ganham mais que seus maridos, hoje -, mas continua a ser raro que um relacionamento como esse funcione.
Um livro da jornalista Farnoosh Torabi, lançado na semana passada, reúne dados que demonstram o quanto isso é difícil: as mulheres que ganham muito bem têm dificuldade para arranjar um marido, e quando o fazem a probabilidade de que ele seja infiel é cinco vezes maior do que no caso de outros maridos.
A mulher provavelmente cuidará de proporção maior das tarefas caseiras; ainda que, caso o marido contrarie as estatísticas e comece a cozinhar e passar roupa, é provável que se sinta tão emasculado que perca a vontade de fazer sexo. Por qualquer das duas vias, o próximo passo é o divórcio.
O livro, "When She Makes More", é uma leitura deprimente e parece ter saído diretamente dos anos 50. Mas tenho uma desagradável sensação de que sua mensagem central não está de todo errada.
Pensei em minhas muitas amigas que ganham mais do que seus maridos, e lembrei de que entre elas o número de divorciadas é alto o bastante para causar suspeita.
Uma amiga se queixou de que não sabia mais para que servia seu marido, porque ele nem ganhava muito dinheiro e nem mostrava qualquer desejo de ajudar em casa. Não admira que a versão dele para os acontecimentos fosse diferente: por ela insistir em dominar tanto no plano profissional quanto no caseiro, ele se sentia emasculado e sem função.

Só conheço dois casais de amigos nos quais a mulher ganha mais e o casamento parece sólido. Em um deles o casal não tem filhos, e os dois dedicam seu tempo livre a mimar um ao outro.
No segundo, o homem é tão competente em cuidar de crianças e na cozinha, e a mulher é um desastre tão grande nas funções domésticas, que todo mundo parece feliz.
Meus amigos são uma amostra minúscula e nada diversificada, formada por pessoas privilegiadas e com mais de 50 anos. Para obter um quadro um pouco mais amplo, na semana passada enviei um e-mail a 500 jornalistas do "Financial Times", com idades entre os 20 e os quase 70 anos, e pedi exemplos de casamentos nos quais a mulher sustentava a casa.
As primeiras respostas não foram encorajadoras. "Minha ex-mulher ganhava mais que eu", diziam algumas das mensagens. Ou "meu ex-marido ganhava menos"
A maioria de meus colegas, mesmo os muito jovens, ainda pareciam ter relacionamentos nos quais o homem ganha mais. Um colega homem, ferozmente inteligente, afirma que sua namorada, feminista e igualmente brilhante, diz que jamais se casaria com um homem que ganhasse menos do que ela, porque não via graça em passar a vida escorando o ego do parceiro.
Ela tem razão. Parece-me que esse tipo de casamento só funciona caso não seja necessário escorar o ego do cônjuge. Isso pode acontecer de duas maneiras. A primeira é por personalidade.
Um colega homem diz que o fato de que sua mulher fatura alto veio a calhar para ele, porque adora dinheiro mas é preguiçoso demais para ganhá-lo.
O mais comum é que isso aconteça quanto o ego profissional do marido não seja medido em dinheiro. Muitos homens do "Financial Times" têm mulheres que ganham fortunas na City, o que os libera para que sejam jornalistas mal pagos.
Dentro desses casamentos existe o entendimento de que a carreira do homem importa tanto quanto a da mulher, se não mais. Da mesma forma, algumas mulheres jornalistas sustentam maridos que são músicos ou designers, amam o que fazem e (nos melhores casos) também curtem cuidar das crianças.
Os casos mais interessantes ocorrem quando ambos começaram juntos em um mesmo setor mas ao longo dos anos a mulher superou o marido em salário. E esses casamentos tendem a terminar mal. Mas um jornalista de sucesso me explicou como havia superado o problema de ter uma mulher cujo sucesso é ainda maior que o dele.
"É como o debate sobre Piketty, não? O que importa mais, a desigualdade ou o padrão geral de vida?" No interesse desse último, ele sabiamente se recusa a sentir ressentimento e em lugar disso se declara absolutamente orgulhoso de sua mulher. 

Fonte: Folha Online - 13/05/2014

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