16 abril 2012

Salários em lojas de luxo podem chegar a R$ 60 mil


Foto: Circuitomt.com.br
Folha Online - por ULLISSES CAMPBELL: Daniella Antunes, 18, acorda seis dias por semana às 6h30, improvisa escova no cabelo, maquia o rosto com produtos caros, toma café e sai de casa, em Barueri (a 30 km da capital paulista), rumo ao shopping Iguatemi Alphaville. A garota simples da periferia fica do lado de fora. Às 10h, já de "uniforme", assume o papel de aprendiz de executiva de vendas da multimarcas Belier, onde um par de sapatos custa R$ 870.

No ônibus, a caminho do trabalho, folheia revistas de moda. "Preciso estar super antenada se quiser evoluir", considera. O máximo do glamour? Ser diretora de estilo de uma marca internacional. Para chegar lá, estuda administração na Unip (Universidade Paulista).

Segundo dados da Abrasce (Associação Brasileira de Shopping Centers), 42 shoppings serão inaugurados em todo o país até dezembro, sendo 17 deles no Estado de São Paulo (dois na capital). O mais suntuoso é o JK Iguatemi, cuja abertura está suspensa.

Somente para São Paulo, a Dulce Salles Recrutamento e Seleção, uma das principais nesse segmento, está com 50 vagas abertas em lojas de luxo -de rua e de shoppings. Os salários vão de R$ 6.000 (vendedor, sem incluir a comissão) a R$ 60 mil (diretor de estilo). Mas esses postos não são para qualquer um.

ESCASSEZ
Dulce Salles, proprietária da empresa de recrutamento, afirma que o segmento é o mais exigente do comércio. "O mercado ′premium′ vende desejo. Poucos candidatos compreendem o que isso significa", avalia.

A maioria dos recrutadores não confessa, mas boa aparência é condição "sine qua non".

Viviane Gonzalez, diretora regional da Business Partners Consulting, especializada em consultoria de RH e desenvolvimento organizacional, explica que muitas marcas estrangeiras que estão no Brasil estabelecem um perfil bem específico para o candidato.

Por exemplo, ele deve ser jovem, falar três idiomas, estar bem informado e ter "atitude de rico" -seja lá o que isso signifique.

De acordo com a vice-presidente da ABRH (Associação Brasileira de Recursos Humanos), Elaine Saad, uma das principais dificuldades para quem quer enveredar pelo setor é encontrar espaço. As marcas procuram, sim, os bons profissionais na loja ao lado e tentam seduzi-los com ganhos salariais e viagens.

A escassez de bons vendedores levou a lojista Elis Mello, 39, da Belier, onde Daniella trabalha, a apostar no treinamento de uma equipe sem experiência. "Eu ensino tudo: postura, como conversar com o cliente, ser sutil e discreto. Quem tem talento fica", detalha ela.

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