Depois de Lula levantar
suspeitas, a juíza Gabriela Hardt retirou o sigilo da operação. Com isso,
prints de conversas entre os suspeitos e detalhes das investigações foram
expostos
Após o presidente Luiz Inácio Lula da
Silva (PT) sugerir que o plano do Primeiro Comando da Capital (PCC), contra o
senador Sérgio Moro (União Brasil-PR) seria mais uma “armação” do ex-juiz
e insinuar que a magistrada que autorizou a operação da Polícia Federal
(PF) contra a organização criminosa estaria ajudando o político, entidades
vieram a público e condenaram as falas do chefe do Executivo.
A Associação Nacional dos
Delegados de Polícia Federal (ADPF) e a Associação dos Juízes Federais do
Brasil (Ajufe) criticaram, por meio de nota, a postura de Lula. De acordo com
as entidades, as investigações foram “conduzidas com cautela” e que a atuação
de juízes e juízas é “importante para o combate eficaz ao crime organizado”.
“Nós confiamos plenamente no
trabalho desenvolvido pelos Delegados Federais que atuam no caso. As
investigações foram conduzidas com cautela, responsabilidade e amparo na lei,
sendo obtido, certamente, forte arcabouço probatório no curso do Inquérito
Policial”, assegurou Luciano Leiro, presidente da ADPF.
Já de acordo com a Ajufe, “o ataque pessoal a Juízas e Juízes Federais provoca instabilidade social e se distancia da necessidade urgente de conciliação entre os Poderes”. “A Ajufe reitera o respeito às instituições como condição para o exercício pleno da democracia, e seguirá defendendo a independência do Poder Judiciário e a harmonia com os demais Poderes da República”, concluiu a entidade.
Relembre o
caso
A Polícia Federal (PF) deflagrou
a Operação Sequaz e prendeu, na quarta-feira (22/3), nove integrantes do
Primeiro Comando da Capital (PCC), que planejavam atacar servidores e
autoridades públicas. Entre os alvos estavam o senador Sergio Moro (União Brasil-PR)
e o promotor de Justiça Lincoln Gakiya. De acordo com a corporação, os atos
criminosos poderiam ocorrer simultaneamente, em São Paulo, Mato Grosso do Sul,
Rondônia, Paraná e Distrito Federal.
Conforme a PF, o PCC planejava
homicídios e extorsão por meio de sequestro. Na ação, batizada de Operação
Sequaz, 120 agentes cumpriram 24 mandados de busca e apreensão e 11 de prisão —
sete preventivas e quatro temporárias. Foram retidos pela corporação joias,
carro de luxo e maços de dinheiro.
A operação que resultou nas
buscas e prisões foi autorizada pela juíza Gabriela Hardt, que assumiu o caso
após a juíza titular entrar de férias. A magistrada, inclusive, já substituiu
Sergio Moro durante a Operação Lava-Jato, quando foi responsável por assinar
uma sentença contra Lula no processo envolvendo o sítio de Atibaia, em São
Paulo.
Logo após o cumprimento dos
mandados de busca, apreensão e de prisão, o presidente Lula falou, nesta
quinta-feira (23/3), durante uma visita ao Complexo Naval de Itaguaí, no Rio de
Janeiro, que o plano do PCC de assassinar Moro poderia ser mais uma “armação”
do ex-juiz. “Eu não vou falar porque acho que é mais uma armação do Moro, mas
eu quero ser cauteloso e vou descobrir o que aconteceu”, ironizou Lula. “É
visível que é uma armação do Moro, mas vou pesquisar e perguntar o porquê da
sentença. Até fiquei sabendo que a juíza não estava nem em atividade quando deu
o parecer para ele, mas isso a gente vai esperar”, alegou o mandatário.
Depois de Lula levantar
suspeitas, a juíza Hardt retirou o sigilo da operação. Com isso, prints de
conversas entre os suspeitos e detalhes das investigações foram expostos.
Segundo a investigação, os criminosos tinham imóveis alugados na mesma rua onde
mora Sergio Moro, em Curitiba. Eles seguiam a família do senador desde, pelo
menos, janeiro deste ano. O plano da organização criminosa teria sido motivado
por mudanças nas regras para visitas a detentos.
Veja as
notas da ADPF e da Ajufe na íntegra
Associação
Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF)
“Nós confiamos plenamente no trabalho desenvolvido pelos
Delegados Federais que atuam no caso. As investigações foram conduzidas com
cautela, responsabilidade e amparo na lei, sendo obtido, certamente, forte
arcabouço probatório no curso do Inquérito Policial. Vale lembrar que todo o
trabalho da PF é acompanhado de perto pelo Ministério Público Federal e que as
medidas relativas as prisões, sequestros e apreensões de bens são determinadas
pelo juízo competente. Por isso, em momentos sensíveis como esse, é importante
destacar a necessidade de autonomia funcional das instituições e a seriedade do
processo persecutório penal.”
Associação
dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe)
“A Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) vem a público
reiterar o mais absoluto apoio a todos os Juízes e Juízas Federais com atuação
na área criminal no país. A criação do Sistema Penitenciário Federal, cuja
jurisdição é exercida por magistradas e magistrados da Justiça Federal, tem se
mostrado extremamente importante para o combate eficaz ao crime organizado, que
insiste em desafiar as instituições democráticas brasileiras.
O ataque pessoal a Juízas e Juízes
Federais provoca instabilidade social e se distancia da necessidade urgente de
conciliação entre os Poderes. A Ajufe reitera o respeito às instituições como
condição para o exercício pleno da democracia, e seguirá defendendo a
independência do Poder Judiciário e a harmonia com os demais Poderes da
República.”
Fonte: Correio Braziliense - Lula
critica atuação de juíza e PF no caso do PCC e entidades reagem
(correiobraziliense.com.br)
Nenhum comentário:
Postar um comentário