Sergipe aparece na lista dos estados que tiveram mais óbitos na região metropolitana e no interior.
A Fundação Oswaldo Cruz,
Fiocruz, divulgou na última quarta-feira (09) uma nota técnica que alerta para
a possibilidade de colapso no atendimento da covid-19 em algumas regiões do
país. Sergipe está entre os estados dessa lista.
Segundo a Fiocruz, o
aumento dos casos e internações por covid-19 em vários estados que vem sendo
registrado com tendência de alta desde o início de novembro está encontrando um
sistema de saúde menos preparado para atender à demanda por leitos de
enfermarias e UTIs, não só nas regiões metropolitanas, mas principalmente nas
cidades menores do interior. A possibilidade de colapso do atendimento aos
novos casos é real e pode acontecer nas próximas semanas, agravada pela chegada
das festas de fim de ano e das férias.
A nota técnica, desenvolvida pela equipe de pesquisa do MonitoraCovid-19, alerta que no fim do ano a maior movimentação de pessoas “sem cuidados devidamente adequados e sem manutenção do isolamento social”, vai agravar um quadro composto por “desmobilização de leitos extras dos hospitais de campanha; a ocupação de leitos por outros problemas de saúde que ficaram represados durante o avanço da epidemia de covid-19; a maior circulação de pessoas; as dificuldades de identificação de casos e seus contatos devido à baixa testagem; e o relaxamento dos cuidados de distanciamento social, uso de máscaras e higiene”.
Ainda de acordo com os
pesquisadores, no início da pandemia a maior demanda era nas regiões
metropolitanas, mas agora há uma preocupação também com o interior.
“ A epidemia está sincronizada,
não começa mais nas metrópoles para depois ir para o Interior. Um novo aumento
dos casos pressionará a capacidade do atendimento à saúde das regiões
metropolitanas, reduzindo também seus recursos para atender a pacientes vindos
do Interior. Na maioria dos lugares a assistência à saúde deverá ser incapaz de
atender à demanda”, alerta Diego Xavier, epidemiologista do Icict/Fiocruz e um
dos autores do estudo.
Até o final de maio, cerca
de 67% dos óbitos por covid-19 no Brasil foram registrados nas regiões
metropolitanas. Com a interiorização da doença, no último dia de outubro essa
proporção se inverteu: “As regiões metropolitanas passaram a representar
somente 33% do total de óbitos registrados no país, demonstrando o que pode ser
considerado como o fim do processo de interiorização”, diz a nota técnica.
Um importante indicador da
dessasistência de saúde está nos números de óbitos fora da UTI. Segundo a Nota
Técnica, a “falta de UTI foi ainda mais expressiva nos municípios do Interior,
sobretudo pela dificuldade de acesso e as longas distâncias que devem ser
percorridas em busca de atendimento”.
Sergipe é o quinto estado
que registrou maior índice de mortes no interior fora da UTI: Amapá (82%),
Roraima (73%), Amazonas (66%), Pará (59%), Sergipe (58%), Tocantins (50%), Acre
(46%) e Ceará (45%).
Já nos índices das regiões
metropolitanas, Sergipe também aparece em destaque. Os estados que tiveram mais
óbitos fora da UTI foram Roraima (63%), Sergipe (53%), Amazonas (47%), Rio
Grande do Norte (42%), Minas Gerais (38%), São Paulo (36%), Distrito Federal
(35%) e Ceará (38%).
A Nota Técnica faz um
alerta:
“Nos próximos meses, a busca por assistência especializada pode aumentar simultaneamente, nas regiões metropolitanas e no interior, provocando novo colapso do sistema de saúde (...) A circulação das pessoas no período de festas de fim de ano e férias deve acelerar a disseminação do vírus, que já circula com bastante velocidade e volta a ocupar os leitos hospitalares. A movimentação das pessoas tende a aumentar a necessidade de atendimento por outros agravos de saúde como os acidentes de trânsito, por exemplo.”
Transcrito do a8se.com
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