A crescente presença dos evangélicos
no cenário político brasileiro tem pautado várias discussões nas campanhas
eleitorais desse ano. O tema foi assunto de uma reportagem especial publicada
pela edição dessa semana da Revista Época, que comparou a presença das questões
morais e de cunho religioso nas campanhas dos candidatos dessa eleição com o
que ocorre nos Estados Unidos.
Um dos temas centrais da matéria foi
o suposto recuo de Marina Silva em seu programa de governo em assuntos como
casamento gay. O texto afirma que a candidata do PSB voltou atrás em suas
afirmações sobre o tema após pressão feita pelo pastor Silas Malafaia.
- Um dia depois de lançar seu
programa de governo, a candidata Marina Silva (PSB), hoje favorita a conquistar
o Palácio do Planalto, depois de pressionada nas redes sociais pelo pastor
Silas Malafaia, um dos líderes da Assembleia de Deus, voltou atrás numa série
de compromissos – afirma a matéria.
O “recuo” de Marina Silva, segundo
destaca a reportagem, gerou aplausos por parte de líderes evangélicos. Malafaia
elogiou a atitude da candidata afirmando que “ela teve coerência”, e o pastor e
deputado Marco Feliciano disse que “no momento em que Marina teve de se decidir
de fato, ela se colocou como uma cristã de verdade”.
- O recuo de Marina choca os
marineiros “sonháticos”, mas, de um ponto de vista estritamente eleitoral, faz
sentido. Embora conserve o título de país com o maior número de católicos do
mundo, o Brasil avança com rapidez para se tornar uma nação mais evangélica. Em
dez anos, os evangélicos passaram de 15,4% da população para 22,2%, um total de
42,3 milhões. Com 22% do eleitorado, somam hoje quase 27 milhões de votos –
destaca a matéria.
Segundo destaca a revista, apesar de
nunca ter feito parte da bancada evangélica e de sempre ter defendido valores
laicos, ela tem apoio da maioria dos evangélicos, com intenção de voto de 43%
desse eleitorado, contra 32% de Dilma Rousseff.
- De forma geral, os candidatos
evangélicos se opõem (com diferentes nuances de tolerância) ao casamento gay, a
mudanças na lei da interrupção da gravidez e à liberação das drogas. A pesquisa
do Ibope mostrou que a maior parte dos brasileiros, independentemente de
religião, pensa como os evangélicos: 79% são contra o aborto; 79%, contra a
liberação da maconha; e 53%, contra o casamento gay – ressalta a revista.
Tentando responder sobre a real
existência de um “poder do eleitorado evangélico”, a revista Época destaca a
criação de um “Comitê Evangélico” na aliança partidária que apoia a eleição da
presidente Dilma. A missão do comitê é montar uma agenda de encontros da
Presidente com os principais pastores e líderes evangélicos do País até o dia
das eleições.
- A questão que se busca responder é:
existe de fato um poder do eleitorado evangélico através de seu voto que seja
fator decisivo nas eleições de candidatos estaduais, federais e também em
âmbito nacional? Alguns pesquisadores acreditam na existência deste chamado
‘voto evangélico’, outros, se recusam a afirmar com veemência. Verdade ou não,
algo é fato: tal pensamento tem ganhado força e alcance na sociedade resultando
na formação de um senso comum baseado nesta premissa. Isto tem impulsionado os
candidatos, a cada eleição, a concentrarem atenção específica a esta parcela do
eleitorado brasileiro – destaca o texto.
Foi destacado também, como fator que
corrobora para o suposto poder do voto evangélico, a influência que as lideranças
religiosas têm em boa parte da população brasileira, e como essa influência se
mostra especialmente forte entre os evangélicos.
- Os evangélicos, no decorrer das
últimas legislaturas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal e em outros
órgãos, demonstraram grande adaptabilidade e influência para com os seus
eleitores, em especial os fiéis das denominações religiosas das quais estes
políticos fazem parte – destaca
Gospel mais
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