Questionada neste domingo (10) se a queda de 25% no lucro da Petrobras
no primeiro semestre poderia forçar um aumento no preço dos combustíveis em
breve, a presidente Dilma Rousseff afirmou que é "possível", mas que
não poderia fazer uma avaliação precisa sobre isso neste momento sem ter
conhecimento de todos os dados.
"Não especulo nem alimento especulação no mercado. No futuro pode ser que
tenha aumento. Não estou dizendo que vai ter ou não vai ter, só que é possível.
Não é minha competência decidir sobre isso."
Na semana passada, o ministro Guido Mantega (Fazenda) disse que em todos os
anos houve correção nos preços da gasolina e que o comportamento do governo é
continuar com reajustes normais, mas negou que haverá "tarifaço" após
as eleições de outubro.
O lucro da Petrobras no semestre caiu de R$ 13,894 bilhões, no primeiro
semestre de 2013, para R$ 10,352 bilhões, nos seis primeiros meses deste ano,
com impacto da importação de combustíveis e enfrentando dificuldade para elevar
a produção.
O resultado é registrado mesmo em um cenário de elevação da produção de
petróleo, de corte de custos, de mais refino de derivados no país e de câmbio
favorável.
No período, a produção de petróleo subiu 1% no semestre, com uma média de 2,566
milhões de barris por dia. A meta da companhia é fazê-la subir 7,5% este ano.
O lucro da companhia caiu pelo segundo trimestre seguido, fechando em R$ 4,959
bilhões entre abril e junho, 20% abaixo do registrado no mesmo período de 2013,
quando a Petrobras teve lucro de R$ 6,201 bilhões.
Já em relação ao primeiro trimestre de 2014, houve diminuição de 8% ante os R$
5,393 bilhões registrados no período. Ao contrário do ocorrido nos primeiros
três meses do ano, desta vez a empresa não teve de lançar as despesas
relacionadas ao plano de demissão voluntária, que havia reduzido o lucro dos
três primeiros meses do ano em R$ 1,6 bilhão.
A empresa atribui a queda do lucro no 2º trimestre ao pagamento de juros da
dívida, com impacto de R$ 766 milhões no resultado, "associadas à menor
receita financeira, decorrente do menor saldo médio de aplicações
financeiras". Ao todo, a despesa financeira líquida da Petrobras no
trimestre foi de R$ 940 milhões.
Outro motivo alegado pela companhia é o crescimento das despesas com impostos.
Denúncias
A presidente ainda classificou como "factoides políticos" as recentes
denúncias contra a Petrobras e diretores e ex-executivos da estatal.
Em nova defesa à empresa, a presidente afirmou que não se pode misturar
"eleição com a maior empresa de petróleo do país".
"Se tem uma coisa que a gente tem que preservar porque tem que ter sentido
de Estado, de nação e de país é não misturar eleição com a maior empresa de
petróleo do país. Isso não é correto, não mostra maturidade. [...] Agora,
utilizar qualquer factoide político para comprometer uma grande empresa e sua
direção é muito perigoso", afirmou.
Na próxima semana, o TCU (Tribunal de Contas da União) deverá decidir se
bloqueará os bens da presidente da Petrobras Graça Foster. No final de julho,
depois de meses de investigação sobre o caso, o TCU condenou 11 diretores e
ex-executivos da estatal a devolver US$ 792 milhões (R$ 1,6 bilhão) por
prejuízos na compra da refinaria de Pasadena, nos EUA. Eles tiveram seus bens
bloqueados.
A presidente da Petrobras não estava nesta lista, mas, logo depois, o relator
do caso no TCU, José Jorge, disse que foi um erro excluí-la. O tribunal voltou
a analisar a questão na quarta (6), mas o relator adiou a tomada de uma
decisão.
Graça é amiga da presidente e uma das poucas pessoas que costuma se hospedar no
Palácio da Alvorada, residência oficial, quando pernoita em Brasília. Para o
Planalto, o episódio é uma tentativa de desgastar Dilma por meio da presidente
da estatal.
_Petrobras/2014
Faturamento R$ 82,298 bilhões
Lucro líquido R$ 4,959 bilhões
Número de funcionários 86 mil
Dívida de longo prazo R$ 284,17 bilhões
Principais concorrentes Shell, Exxon-Mobil, Chevron
Fonte: Folha Online - 11/08/2014
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