Um livro distribuído nas escolas públicas do Brasil para estudantes matriculados no Ensino Fundamental se tornou o centro de uma polêmica na última semana, quando uma internauta divulgou imagens de trechos dos poemas, com supostas apologias ao diabo.
“A Máquina de
Brincar”, escrito pelo gaúcho Paulo Bentancur, traz uma série de contos em
forma de poema, e entre eles, alguns em que o diabo é mencionado como “um bom
parceiro”.
Divididoo em
duas partes, “Para ler no claro” e “Para ler no escuro”, o livro foi escrito,
segundo o autor, com a intenção de brincar com “o lado bom e o lado mau das
coisas”.
Com poemas de
títulos chamativos, como “O diabo que me carregue”, onde são feitos
questionamentos sobre a existência de Deus, o livro compara Deus a uma criança
medrosa e chama satanás de “amigo”: “Sossega! Vão falar mal aqueles que não
estão contigo. Que não foram convidados pelo diabo, meu grande amigo”, diz um
dos poemas.
A internauta
Janilda Prata teve acesso ao material oferecido pela escola a sua filha e
publicou fotos do livro no Facebook. A indignação da mãe foi compartilhada por
outros 49 mil usuários da rede social, e a repercussão chegou à imprensa, com
matérias publicadas por sites como o do Jornal de Brasília e Administradores.
“Todos sabem
como incentivo leitura para minhas filhas desde bebê. O contato das crianças
com os livros passa por várias fases. Primeiro eu lia para elas, depois eu lia
com elas e hoje elas leem sozinhas. Na hora de comprar um livro eu olho a capa,
o tema, a sinopse, sobre o autor e a faixa etária. Depois peço que elas me
falem sobre o que leram. Achei que isso era mais do que suficiente até o dia em
que Ana Ester (9 anos) disse: ‘Mãe, tem algo errado com esse livro. No meio
dele encontrei uma página ‘para ler no escuro’ e depois coisas horríveis…’. Me
desculpe o autor, mas se alguém torna uma obra pública, eu tenho o direito de
criticar e emitir minha opinião. Um livro para criança que invoca o diabo para
ser amigo da mesma, diz que Deus não aparece porque é covarde e pequenino e
termina dizendo que o capeta venceu, para mim é uma literatura totalmente
imprópria. Não venha me dizer que isso é poesia. Isso, para mim, é pura
heresia. Estou indignada por ter colocado algo assim na minha casa e nas mãos
das minhas filhas. Que critério usar quando compro livros infantis? Vou ter que
ler antes todas as páginas? Como algo assim pode ser liberado para publicação e
considerado literatura infantil?”, desabafou Janilda.
O autor,
entrevistado sobre a polêmica, negou que faça apologia ao satanismo com as
histórias que contou no livro, e disse que a intenção é usar a literatura para
dar asas ao “surreal”.
“Quis fazer um
livro diferente. As crianças de hoje são inteligentes, gostam de suspense, de
figuras lendárias. E qual o problema de brincar com Deus e o diabo? Não faço
apologia ao demônio, apenas brinco com o lado bom e o lado mau das coisas”,
defendeu-se.
Clique nas imagens para ampliá-las
Veja mais imagens das
páginas do livro publicadas pela internauta Janilda Prata
Fonte: Gospel mais
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