Recrutadores de
grandes empresas citam as principais gafes de quem busca um emprego
Ao iniciar a procura por um novo ou
primeiro emprego, muitos são os conselhos sobre como montar o currículo ideal .
Para dificultar a situação, quando se pesquisa na internet um modelo padrão,
aparecem inúmeras opções. “O currículo é a carta de apresentação de um
profissional, ou seja, o passaporte para o agendamento de uma entrevista”,
avalia Glizia Prado, gerente de RH da Fiat Chrysler. Por ser uma parte
inevitável do processo, a montagem de um bom currículo é essencial e pode
definir o sucesso da busca.
Com tantas sugestões disponíveis, a
probabilidade de cometer erros aumenta. Para mostrar quais são os equívocos
mais comuns e as maneiras de evita-los, o iG ouviu recrutadores e gerentes de Recursos Humanos das
maiores empresas do Brasil. Veja abaixo os 10 erros mais
frequentes no currículo apontados pelos especialistas:
1 – Mentir sobre o nível de inglês
“São incontáveis
os casos de pessoas que colocam nível de inglês fluente quando têm o básico. É
impressionante. Isso não é uma omissão, é uma mentira”, alerta Gabriela Colo,
recrutadora da Havik, consultoria em RH que faz seleções para o setor bancário
e industrial. “Você chega na entrevista e a pessoa fala: 'Veja bem, era fluente
mas está enferrujado’. Isso não existe”, completa.
Em algumas ocasiões, os recrutadores
pedem que uma versão do currículo em inglês seja enviada juntamente com a
versão em português, para avaliar o nível de conhecimento. “A gente já teve
candidato que colocou [o currículo] no Google Translator [ferramenta de
tradução do Google] e saiu aquela tradução macarrônica. É péssimo. Se tem que
tomar cuidado com o português, tem que tomar cuidado com outra língua”, comenta
Paulo Moraes, consultor da Talenses, empresa que seleciona para organizações
como Alpargatas, Serasa Experian e Johnson&Johnson.
Para impedir que
isso aconteça, o profissional tem de ser honesto em todas as informações que
constam no currículo. Desta maneira, ele não perde credibilidade, além de poupar
o próprio tempo participando de entrevistas sem ter o perfil procurado pela
empresa.
2 – Colocar todos os documentos pessoais
“As pessoas têm
mania de colocar os números do RG, CPF e todos os documentos possíveis. Você
está expondo uma coisa desnecessária”, conta Caroline Cobiak, consultora da RH
Across, empresa que faz recrutamento para a BRF, Whirpool, JBS, entre outras.
Ainda que o profissional passe no processo seletivo, a equipe de RH da
companhia só deve solicitar os documentos no momento da contratação.
Além disso, é
preciso levar em consideração a questão da segurança pessoal. “Não se deve
colocar o endereço residencial, ainda mais se for um executivo”, diz o
headhunter Ricardo Nogueira, presidente da empresa de recrutamento Junto
Brasil. A dica é colocar apenas o nome completo, idade, nacionalidade, estado
civil e dados para contato – como telefone e endereço de e-mail.
3 – Prolongar-se nas características pessoais
É comum que o
profissional comece o currículo colocando características de sua personalidade
como, por exemplo, ser observador, pró-ativo e perfeccionista. Para alguns
especialistas, esta apresentação de qualidades é muito subjetiva e não
acrescenta dados significativos sobre o candidato. “Se eu preciso de alguém que
é detalhista, eu vou checar por meio de questões [durante a entrevista]. Ele
não precisa se vender como detalhista”, diz Caroline Cobiak.
Além disso, o
profissional precisa estar atento ao espaço dedicado para esta seção. Por não
ser de suma importância, o ideal é que este tópico não ocupe mais do que
algumas linhas. “[O currículo] deve ser curto o suficiente para gerar a vontade
de ler, mas na medida certa de conteúdo para ser chamado para uma entrevista”,
fala Marcelo Arantes, vice-presidente de Pessoas & Organização da Braskem.
4 – Esconder a idade
“Existe um fantasma de que depois dos 40
anos fica difícil conseguir emprego. Por conta disso, as pessoas acabam não
colocando a idade”, comenta Ricardo Nogueira. Segundo ele, ao omitir essa
informação, o candidato permite que o recrutador imagine a idade que quiser.
“Existe um pré-julgamento do selecionador de que aquele cara não colocou a
idade porque deve ter uns 70 anos. Então o candidato que poderia ter mais
chance acaba sendo preterido”, conta ele.
5 – Limitar o objetivo de carreira
Em alguns casos,
quando se constrói um currículo almejando uma vaga específica, o profissional
põe como seu objetivo ocupar apenas aquela posição. “Se você coloca seu
objetivo, eu naturalmente vou lhe descartar para qualquer outro projeto que
surja”, observa Moraes, da Talenses.
O recomendável é
que seja especificada apenas a área de atuação. Para uma vaga de analista pleno
de marketing, por exemplo, o ideal é colocar como objetivo ocupar uma posição
na área de marketing ou comunicação. Desta maneira, o currículo do candidato
pode ser guardado para futuras oportunidades neste setor.
6 – Omitir a data de conclusão da formação
acadêmica
No tópico de
formação acadêmica, é necessário escrever a data de conclusão de cada curso.
Isso é importante não só para que o recrutador saiba há quanto tempo o
profissional se formou, mas também para ter certeza de que o curso foi
concluído. “Existem casos em que a gente vê que não tem data de formação e no
momento da admissão, quando se pede o diploma como documentação, a gente
descobre que [o candidato] não tem. Isso inviabiliza todo o processo”, conta
Gabriela Colo, da Havik.
Para evitar
mal-entendidos, a pessoa pode especificar que o curso não foi concluído ou está
trancado. “Informações inverídicas não são uma opção. Mesmo uma pessoa que
tenha um bom currículo fica marcada por falta de honestidade. Causa
desconfiança na empresa e no recrutador”, alerta ela.
7 – Colocar foto
O uso da foto no currículo só é válido
quando a descrição da vaga fizer esta exigência. “Talvez a única exceção seja
em processos de projetos, que tem um volume de vagas muito grandes. A gente
utiliza sim [a foto] e até pede, mas é só para os recrutadores terem mais uma
maneira de lembrar quem é quem”, diz a recrutadora Gabriela.
Segundo
Nogueira, a foto também pode ser interpretada como uma maneira de conquistar o
recrutador pela aparência física. “A pessoa se vale de uma foto – a mulher com
o decote ou o rapaz na academia com camiseta regata”, comenta.
8 – Ser vago na experiência profissional
Experiências
anteriores são os dados mais importantes de um currículo. Segundo os
especialistas, este é o primeiro tópico que um recrutador lê. Portanto, é
preciso ter cuidado redobrado com as informações sobre passagens em outras
empresas. “Percebo, em diversas ocasiões, que as pessoas não são claras nas
contribuições que deixaram em cada empresa onde atuaram. Escrevem muito e, às
vezes, não conseguem explicar para o leitor como contribuiram”, observa
Arantes, da Braskem.
Para Ricardo
Nogueira, da Junto Brasil, um bom currículo é aquele que descreve os resultados
obtidos. “Ficar falando ‘experiência em...’, ‘vivência em...’ ou ‘habilidade
em...’ é tudo pressuposto. Utilizar-se de clichês é muito cansativo e não leva
a lugar nenhum. A gente não consegue determinar previamente se o candidato é
bom”, avalia o recrutador.
O ideal é
selecionar os projetos mais relevantes e interessantes que produziu em seus
últimos empregos e especificar quais ações desenvolvidas por ele foram
essenciais para o sucesso do trabalho. Além disso, é preciso escrever quais
foram os resultados do projeto, como o percentual de aumento de vendas, por
exemplo.
9 – Descrever hobbies pessoais irrelevantes
Como os
recrutadores lidam com uma quantidade considerável de currículos por dia, o
profissional deve ser claro e apresentar informações que possam ser
interpretadas por quem está lendo. Isso é válido também para a descrição dos
hobbies pessoais. Assistir a filmes e escutar música são hábitos compartilhados
por muitas pessoas, o que impede que o avaliador chegue a qualquer conclusão sobre
seu comportamento.
Caso o
profissional sinta necessidade, o aconselhável é que ele descreva hobbies mais
específicos. “Por exemplo, a pessoa que faz ironman [competição de triatlo –
esporte que combina natação, corrida e ciclismo] tem que ser muito disciplinada
e determinada. A pessoa que faz teatro tem uma boa habilidade de comunicação”,
observa Gabriela.
10 – Escrever anexos desesperados
Alguns candidatos restringem a
formalidade apenas ao currículo e acabam enviando textos no corpo do e-mail
tentando persuadir o recrutador para que o contrate. "Parecem correntes de
internet, com o pai que a mulher abandonou e está com três crianças. Quase que
fui lá dar uma grana para o cara. É para você ficar com dó", conta
Nogueira.
Arantes, da
Braskem, afirma que algumas pessoas vão além do texto. “Uma vez, um
profissional fez um currículo e junto enviou, para uma pessoa da minha equipe,
uma garrafa de cerveja e dois copos convidando-a para um happy hour para se
conhecerem”, lembra.
O profissional
não pode se esquecer de que quem vai ler o currículo ainda não o conhece,
portanto, atitudes como mandar presentes podem ser mal interpretadas.
Para evitar
cometer tais erros, o ideal é que quem esteja na procura por um emprego
pesquise modelos de currículos e cartas de apresentação na internet. Também é
válido pedir para conhecidos pegarem alguns modelos de CVs que a área de RH de
suas empresas indicar. Desta forma, o recrutador prestará atenção apenas nas
suas competências e não em equívocos que podem ser facilmente evitados.
FONTE: ECONOMIA
IG.
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