Em ano de eleição, os debates sobre o envolvimento da igreja com a política vem à tona, e diversos líderes e fieis questionam o limite entre a ética e a imoralidade no envolvimento da Igreja com o tema.
Muitos defendem que o tema seja abordado dentro da Igreja, como forma de instrução aos membros. Outros entendem que a orientação a respeito do voto seja clara e favorável a candidatos que tenham alguma proximidade com determinada denominação.
O pastor e jornalista Getúlio Camargo gravou uma série de vídeos com
pastores e lideranças cristãs sobre o tema, e divulgou em seu canal no Youtube. Entre os
vários consultados sobre o assunto, foram ouvidos o pastor Silas Malafaia,
presidente da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, o pastor Jamierson
Oliveira, da Igreja Batista da Família, o pastor Claudio Apolinário, da Igreja
Bíblica Aliança e presidente do Conselho de Pastores de São Paulo, a
missionária Durvalina Bezerra e o pastor Ariovaldo Ramos, da Comunidade Cristã
Reformada.
Confira nos tópicos abaixo, trechos da opinião de cada um dos
líderes citados acima, e os vídeos com suas falas sobre o assunto na íntegra:
Pastor Silas Malafaia
-A gente tem que entender o seguinte: a Igreja de Jesus não
precisa de senador, presidente da República, governador, vereador… Igreja é
instituição divina. Só precisa de Jesus e do Espírito Santo. O ser humano, que
está dentro da igreja, é um segmento social. Como segmento social, a Bíblia
mostra que eu tenho direitos e deveres, como Jesus declara: ‘Dai a César o que
é de César, dai a Deus o que é de Deus. Jesus está dizendo: cumpra sua
obrigação enquanto cidadão terreno, e cumpra sua obrigação enquanto cidadão do
céu. Jesus não disse que César é do diabo. Ele não aniquilou a questão da
cidadania [...] E eu já vi que nosso povo e a liderança não despertou pra isso.
Agora eu vou eleger porque esse irmão vai defender a igreja… Isso tudo é
balela. A gente tem que eleger gente que tenha vocação pra
isso, comprometido com a justiça social, comprometido com a integridade e a um
direito de cidadania. Não vem pra cá espiritualizar aquilo que Deus permite que
a gente construa
Pastor Jamierson de Oliveira
-Essa ojeriza que se alimenta no meio evangélico do meio
político não é sem causa, é bom destacar isso. Temos razões de sobra para
alimentarmos esse sentimento antagônico e esse paradigma de que a política não
é de Deus, que a política é algo maléfico. Eu não penso necessariamente assim.
Eu vejo a igreja como sal e luz
do mundo, e esse papel, claro que é pregando o evangelho, mas eu vejo uma
dimensão desse papel da igreja no seu envolvimento com a sociedade, com as
causas sociais. Então quando a igreja está envolvida com o ser humano de modo
integral, preocupado com o bem estar de seu semelhante, ela está fazendo
política. Então, primeiro, é interessante nós separarmos a “politicagem”, ou a
“política profissional” da política como conceito.
Pastor Claudio Apolinário
-Eu creio que a política envolve toda a sociedade. Nós não
podemos como cristãos fugir
da política, nós temos que exercer cidadania. A grande questão que eu coloco é
da responsabilidade. A Igreja tem crescido, e infelizmente se tornado um
refúgio eleitoral. Muitos políticos vão querer estar bem com a igreja, porque
eles querem o voto das pessoas que estão na igreja. Então, uma das grandes
questões que eu coloco é a conscientização. Como os crentes estão votando e
como os líderes estão se posicionando. Nós não podemos, como líderes, vender o
voto, inclusive aquele voto que nós não temos. Nós vendemos oferecendo ao
político dizendo “eu tenho lá 200 pessoas, eu tenho 5 mil pessoas, 1 milhão de
pessoas”. Isso não é verdade, isso é a maior mentira deslavada que existe no
meio evangélico, porque líder nenhum tem domínio sobre os seus crentes. Ele
pode influenciar? Pode. É legítimo isso? Eu acredito que até sim, mas depende
da intenção [...] A nossa função como cristãos é fazer a diferença na
sociedade. Então eu creio que nós devemos estar envolvidos na política, mas não
viver de politicagem, como infelizmente, muitos líderes tem vivido.
Missionária Durvalina Bezerra
“Nós temos que observar que todas as esferas da vida tem pontos
positivos e negativos. A gente precisa entender que para o cristão ser bem
sucedido e ser uma pessoa consciente, um cidadão consciente, ele precisa do
equilíbrio. Então a Igreja não pode se omitir, porque a igreja é composta de
cidadãos. Os cidadãos fazem parte de uma sociedade que deve sustentar valores,
princípios, e a nossa parte como cidadãos cristãos deve ser exercida para que o
Reino de Deus se manifeste na Terra. E como vai se manifestar esse Reino? Ele
se manifesta com justiça, verdade, direito. São três coisas que o cidadão não
pode esquecer, e que o cristão como cidadão não pode prescindir”.
Pastor Ariovaldo Ramos
“Toda ação humana é necessariamente uma ação política, portanto
a Igreja também está envolvida em política. Agora isso é diferente de política
partidária. Política partidária é coisa para partido político. A Igreja não é
partido político, a Igreja não lança políticos, a Igreja não tem candidatos. A
Igreja ensina o povo a ser cidadão e a honrar seu voto, dando voto para aqueles
que trarão o melhor para sua cidade. A Igreja não se mancomuna com partidos
políticos. A Igreja se mantém sempre isenta, porque a Igreja é a palavra da
profecia, da ética e da moral. Por isso a igreja é uma vigia permanente do bem
para todos os seres humanos. Então nosso envolvimento com a política, é
política com ‘P’ maiúsculo, com noção, nunca partidária. Que Deus nos abençoe”.
Fonte: Redação Gospel+
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