“Uma banana para quem diz que um religioso não pode
falar sobre eleições. Quer dizer que Marx vale mais do que Jesus?”. Com essa
declaração, o pastor Silas Malafaia demonstrou a intensidade com que os líderes
evangélicos estão participando da política no Brasil. “As nações mais
democráticas e poderosas do mundo foram influenciadas pelo pensamento cristão,
não tem como dissociar isso. É idiotice. O ser humano é religioso. Outra coisa
é misturar Estado com religião”, completa o pastor.
Em entrevista à repórter Cecília Ritto, da revista
Veja, o pastor Malafaia afirma que a procura de políticos evangélicos por seu
apoio vem de todo o Brasil: “Tenho sido bombardeado de Norte a Sul, de Leste a
Oeste pelos candidatos. Com o crescimento da Igreja Evangélica, e como estou na
mídia e tenho influência, é gente atrás o tempo todo”, revelou o líder da
Assembleia de Deus Vitória em Cristo e vice-presidente do Conselho
Interdenominacional de Ministros Evangélicos do Brasil (Cimeb), entidade que
congrega 8.500 pastores de diversas denominações.
O candidato à reeleição no Rio de Janeiro, Eduardo
Paes (PMDB) receberá o apoio de Silas Malafaia, Marcelo Crivella e Marcos
Soares, deputado estadual e filho do missionário R. R. Soares, da Igreja
Internacional da Graça de Deus.
A disputa para a prefeitura de São Paulo é um pouco
mais heterogênea em relação aos candidatos apoiados pelas lideranças
evangélicas. A Convenção Geral das Assembleias de Deus (CGADB) fechou apoio a
José Serra (PSDB), candidato que já havia sido apoiado durante a eleição
presidencial de 2010. O líder político da instituição, pastor Lelis Washington
Marinho, afirma que a participação será ativa: “No estado de São Paulo, somos
cerca de 8 mil pastores. Trabalharemos a conscientização do eleitor, mostrando
o que é melhor, onde há maiores identificações. Tudo com muita cautela”.
Porém outra grande denominação, Igreja Universal do
Reino de Deus, reunirá esforços em torno da candidatura de Celso Russomanno
(PRB), atualmente segundo colocado nas pesquisas. Esse apoio se dá pela forte
ligação da denominação com o partido.
O líder da Igreja Mundial, apóstolo Valdemiro
Santiago, anunciou que apoiará o candidato do PT, Fernando Haddad, que será
combatido por líderes ligados a Silas Malafaia. O pastor anunciou que apoiará
qualquer candidato que enfrente Haddad em um eventual segundo turno, caso o
candidato do PT alcance essa fase: “Não adianta tentar dar uma de anjo agora.
Nossa questão com o cara de São Paulo (Haddad) é que ele tentou promover o
homossexualismo e ensinar crianças sobre isso. Ele não terá colher de chá. Um
governante é para todos. Enquanto quiserem beneficiar um grupo social em
detrimento do outro, não merecerá o nosso apoio”, afirma Malafaia.
O missionário R. R. Soares normalmente não declara
voto nas eleições, porém um de seus filhos, Daniel Soares, será candidato a
vereador na cidade de Guarulhos, município vizinho a São Paulo, pelo DEM,
partido que faz parte da base aliada do candidato José Serra, em São Paulo.
Segundo o cientista político Cesar Romero Jacob, da
PUC-Rio, a estratégia política dos líderes evangélicos mudou. Agora, em vez de
lançarem candidatos evangélicos mesmo que a chance de eleição não seja grande,
as igrejas estão obrigando candidatos a assumirem compromissos que tenham
ligação com os princípios defendidos em suas doutrinas. “O piso é alto, mas o
teto é baixo”, explica Jacob, referindo-se à dificuldade para se eleger um
candidato exclusivamente evangélico.
Jacob afirma que isso se explica pela
característica da eleição para o Poder Executivo: “Em eleição majoritária,
quando você tem candidatura que não soma, significa que subtrai, polariza,
divide. O segredo da vitória é ganhar de muito em uma área e perder de pouco em
outra”.
Fonte: Redação Gospel+
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