Advogada belga Françoise Domont defende: organizações devem educar consumidores Leo Martins / Agência O Globo
RIO — As consequências do crescimento da oferta de crédito e os seus riscos
foram tema dos debates ocorridos no seminário internacional promovido pela
Proteste, terça-feira, em São Paulo. A advogada belga Françoise Domont, gerente
de Informação Jurídica, Internacional, Econômica e Financeira da Euroconsumers
- organização formada por grupos europeus que atuam na defesa do consumidor -,
foi uma das debatedoras. Ela defende o direito dos consumidores ao acesso à
informação sobre os produtos bancários para que possam fazer a melhor escolha
sobre a aplicação do dinheiro que têm e contratação de empréstimos e financiamentos.
— As pessoas precisam ser educadas porque elas não conhecem os produtos
financeiros. É claro que deveriam se interessar mais por isso e os bancos serem
mais transparentes. Mas não é o bastante. Não é possível sonhar que os
consumidores, de maneira geral, são realmente capazes de compreender a
complexidade dos produtos bancários. Então, é papel das nossas organizações
ajudá-los a compreender isso.
Para Françoise, organizações como a Proteste e Euroconsumers devem auxiliar os
cidadãos a entender que existem diferenças entre os bancos e escolherem o mais
adequado:
— Consumidores não devem aceitar que os bancos e os governos decidam o que é
melhor para eles. Têm de fazer suas próprias escolhas.
Já o advogado, diretor da associação espanhola de consumidores OCU - que
integra a Euroconsumers - e representante das entidades europeias no G-20, que
também participou do seminário, defende junto a estes países uma regulamentação
“robusta” que proteja os consumidores, como forma de evitar novas crises econômicas
como a que assola a Europa.
— Se existissem leis mais duras sobre o empréstimo responsável na União
Europeia, que é uma das nossas reivindicações, não teriam concedido hipotecas a
pessoas que não podem pagá-las. Se evitaria não somente fazer com que algumas
famílias acabassem na rua, mas também pôr em perigo todo o sistema financeiro
mundial.
Fonte: Globo.com, em 14/08/2012
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