21 março 2012

Governo segura preço da gasolina até junho

Depois, se a pressão do mercado internacional for inevitável, tributo será reduzido
 
BRASÍLIA - O governo está decidido a segurar os preços da gasolina pelo menos até o fim do primeiro semestre, apesar das pressões das cotações internacionais. Se um ajuste nas refinarias for inevitável, a ordem é garantir o preço na bomba para o consumidor com a redução da Cide — tributo cobrado sobre os combustíveis.

A estratégia do Executivo agora é evitar a todo custo que qualquer oscilação de preços de combustíveis venha a causar impactos na inflação. Especialmente quando a determinação é estimular a economia com incentivos e crédito para garantir o crescimento de 4,5% do Produto Interno Bruto (PIB), como quer a presidente Dilma Rousseff, o que, por si só, já exerce impacto sobre os preços.


Governo vê margem de corte da Cide em até 7% Apesar da redução recente no valor da Cide que é recolhida nas refinarias, a equipe econômica calcula que ainda haja uma margem adicional de até 7%. Mas essa correção só aconteceria se as cotações internacionais disparassem a curto prazo. Cortar o tributo significa perda de arrecadação. Nos últimos 20 dias, o preço do barril de petróleo passou de US$ 100 para US$ 120, o que chamou a atenção do governo.

— Mas não parece que justifique qualquer movimento agora, considerando a política de se avaliarem os preços na descida e na subida. Se voltar aos US$ 100, não há tanta pressão — disse um integrante da equipe econômica ao GLOBO.

Reduzir a Cide neste momento não resolveria o descasamento de que reclama a Petrobras entre os preços da gasolina lá fora e no mercado interno, que hoje é calculado em 22% pelo governo. Trazidos para a ponta do lápis, os cálculos do Executivo apontam que, de 2005 até o ano passado, a estatal do petróleo não teve perdas. Ou seja, as perdas de quando os preços estiveram mais altos lá fora teriam sido compensadas pelos ganhos de quando estavam mais baixos.

Abastecimento de etanol este ano já está garantido O governo também se assegurou de que os preços do etanol não vão pressionar o bolso do consumidor como no ano passado. O abastecimento para este ano, segundo fontes do Executivo, está garantido. Ainda que haja algum problema, o país poderia, no limite, importar.

— Na última revisão, ficou claro que temos um nível confortável para este ano. O anidro está garantido para 2012. Para o ano que vem, faremos novo monitoramento — disse esta fonte.

Uma equipe do governo acaba de concluir um monitoramento do setor do etanol. A situação teria sido tão tranquilizadora que, de quinzenal, este acompanhamento passou a ser mensal.

Segundo técnicos que participam desses grupos de trabalho, sobrou álcool anidro depois que o governo mudou a mistura da gasolina. A expectativa é que o problema estaria resolvido a curto prazo. Para os próximos três ou quatro anos, é preciso esperar os resultados das medidas anunciadas no ano passado para estimular financiamentos para a estocagem e produção do setor, por exemplo, assim como o aumento da fatia da Petrobras nas vendas de etanol.
Fonte: O Globo Online

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