BRASÍLIA — Os bancos públicos preparam um plano audacioso para cumprir a
determinação da presidente Dilma Rousseff de forçar uma queda dos juros para o
consumidor e baratear o crédito no país. Banco do Brasil (BB) e Caixa Econômica
Federal farão pacotes de taxas reduzidas para públicos específicos. Segundo
fontes do governo, os juros para vários produtos do BB, inclusive os mais
caros, como cheque especial e crédito rotativo no cartão, serão reduzidos,
chegando a 2% ao mês, em alguns casos. Hoje, a instituição chega a cobrar 8,47%
ao mês de clientes que entram no cheque especial. Um plano semelhante está
sendo montado na Caixa, líder no segmento de habitação. Algumas taxas podem ser
reduzidas a 4% ao mês. As duas instituições também terão uma alíquota unificada
para investimentos produtivos feitos por micro e pequenas empresas — um dos
pontos considerados prioritários pelo Palácio do Planalto.No BB, a diretoria
estuda ainda cortar juros para funcionários públicos, para empresas que tenham
conta no banco e para a população de baixa renda que tenha acesso ao crédito:
este segmento é a nova vedete da instituição depois que o banco adquiriu as
operações do Banco Postal, o correspondente bancário dos Correios. Em
contrapartida, serão exigidas algumas garantias dos clientes para que eles
tenham direito às taxas mais baixas.
Os planos para forçar a redução do spread (diferença entre o custo de captação
do banco e o que este cobra nos empréstimos) no país estão sendo elaborados
milimetricamente para evitar queda no lucro. Para isso, a equação montada foi
reduzir os ganhos com juros e compensar essa renúncia turbinando a base de
clientes. Assim, os bancos privados serão pressionados a seguir a mesma linha.
Para fechar a conta da lucratividade, o BB levou em consideração alguns cortes
de despesas feitos nos últimos meses, como redução de viagens de executivos.
— A ideia é fazer um plano audacioso, que mexa com todo o mercado — disse um
técnico do governo.
Para que essas instituições tenham fôlego para fazer isso, a equipe econômica
já decidiu que vai injetar recursos nos bancos. O objetivo é que eles não fiquem
com suas operações desenquadradas pelas regras que regem o setor financeiro.
BB e Caixa devem precisar de R$ 15 bilhões
Estimativas preliminares dos técnicos indicam que, juntos, BB e Caixa devem
precisar de, pelo menos, R$ 15 bilhões para conseguirem cumprir o objetivo de
emprestar mais e alavancar o crescimento do país. Esse montante é semelhante ao
que foi aportado nessas instituições em 2009 e 2010. O plano também é colocar
no mercado R$ 52 bilhões, incluindo aumento de limites para cheque especial,
CDC, imóveis e veículos, além do desconto em folha de pagamento.
Neste momento, o que mais preocupa o governo em relação ao plano é a briga
interna no BB, envolvendo os presidentes do banco, Aldemir Bendine, e o Previ
(fundo de previdência dos funcionários do BB), Ricardo Flores. A avaliação de
interlocutores do Palácio do Planalto é que o agravamento da turbulência na
instituição poderia ofuscar o lançamento do plano.
De acordo com dados do Banco Central, consolidados pela Federação Brasileira de
Bancos (Febraban), cerca de 30% do spread decorrem da inadimplência. Os
tributos correspondem a pouco mais de 20%. E o lucro das instituições
financeiras, mais erros e omissões, somam 32% do diferencial de taxa de juros
no Brasil. Fonte: O Globo Online
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