02 março 2012

Banco do Brasil reduzirá juros a até 2% ao mês

Objetivo é estimular economia e preservar lucro ampliando base de clientes
 
BRASÍLIA — Os bancos públicos preparam um plano audacioso para cumprir a determinação da presidente Dilma Rousseff de forçar uma queda dos juros para o consumidor e baratear o crédito no país. Banco do Brasil (BB) e Caixa Econômica Federal farão pacotes de taxas reduzidas para públicos específicos. Segundo fontes do governo, os juros para vários produtos do BB, inclusive os mais caros, como cheque especial e crédito rotativo no cartão, serão reduzidos, chegando a 2% ao mês, em alguns casos. Hoje, a instituição chega a cobrar 8,47% ao mês de clientes que entram no cheque especial. Um plano semelhante está sendo montado na Caixa, líder no segmento de habitação. Algumas taxas podem ser reduzidas a 4% ao mês. As duas instituições também terão uma alíquota unificada para investimentos produtivos feitos por micro e pequenas empresas — um dos pontos considerados prioritários pelo Palácio do Planalto.No BB, a diretoria estuda ainda cortar juros para funcionários públicos, para empresas que tenham conta no banco e para a população de baixa renda que tenha acesso ao crédito: este segmento é a nova vedete da instituição depois que o banco adquiriu as operações do Banco Postal, o correspondente bancário dos Correios. Em contrapartida, serão exigidas algumas garantias dos clientes para que eles tenham direito às taxas mais baixas. 
Os planos para forçar a redução do spread (diferença entre o custo de captação do banco e o que este cobra nos empréstimos) no país estão sendo elaborados milimetricamente para evitar queda no lucro. Para isso, a equação montada foi reduzir os ganhos com juros e compensar essa renúncia turbinando a base de clientes. Assim, os bancos privados serão pressionados a seguir a mesma linha. Para fechar a conta da lucratividade, o BB levou em consideração alguns cortes de despesas feitos nos últimos meses, como redução de viagens de executivos. 

— A ideia é fazer um plano audacioso, que mexa com todo o mercado — disse um técnico do governo. 
Para que essas instituições tenham fôlego para fazer isso, a equipe econômica já decidiu que vai injetar recursos nos bancos. O objetivo é que eles não fiquem com suas operações desenquadradas pelas regras que regem o setor financeiro.

 
BB e Caixa devem precisar de R$ 15 bilhões 

Estimativas preliminares dos técnicos indicam que, juntos, BB e Caixa devem precisar de, pelo menos, R$ 15 bilhões para conseguirem cumprir o objetivo de emprestar mais e alavancar o crescimento do país. Esse montante é semelhante ao que foi aportado nessas instituições em 2009 e 2010. O plano também é colocar no mercado R$ 52 bilhões, incluindo aumento de limites para cheque especial, CDC, imóveis e veículos, além do desconto em folha de pagamento. 
Neste momento, o que mais preocupa o governo em relação ao plano é a briga interna no BB, envolvendo os presidentes do banco, Aldemir Bendine, e o Previ (fundo de previdência dos funcionários do BB), Ricardo Flores. A avaliação de interlocutores do Palácio do Planalto é que o agravamento da turbulência na instituição poderia ofuscar o lançamento do plano. 
De acordo com dados do Banco Central, consolidados pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban), cerca de 30% do spread decorrem da inadimplência. Os tributos correspondem a pouco mais de 20%. E o lucro das instituições financeiras, mais erros e omissões, somam 32% do diferencial de taxa de juros no Brasil. Fonte: O Globo Online

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