A Confissão
Positiva, movimento que influencia as igrejas neo-pentecostais da atualidade,
tanto no Brasil quanto no mundo, tem origem no século 19, quando Essek William
Kenyon, nascido em 1867, passou a pregar influenciado pelas ideias de Finéias
Parkhusst Quimby, conhecido como curandeiro e hipnotizador, além de fundador de
uma corrente chamada “Novo Pensamento”.
Os
envolvidos na influência dessa corrente na pregação de Kenyon são Mary Baker
Eddy, fundadora da Igreja da Ciência Cristã e introdutora de Kenyon a respeito
das teses de Quimby, além de Charles Emerson, fundador da “Emerson School of
Oratory” (Escola de Oratória de Emerson, em tradução livre), onde o pregador
Kenyon estudou e recebeu orientações de
Charles.
Charles.
Existem
correntes dentro desse movimento, que se distinguem entre os que são unicistas,
os que deificam o homem e os que pregam Jesus com uma perspectiva mais
excêntrico, exótico. As principais características desse movimento são a
mensagem de prosperidade e saúde, e os resultados alcançados nesses quesitos
como provas de uma vida cristã correta.
Há ainda
uma característica a ser observada: geralmente os pregadores influenciados pelo
movimento da Confissão Positiva usam a Bíblia para reforçar seus
argumentos e se dizem profetas que receberam diretrizes diretamente de Deus.
A
principal influência do fundador do “Novo Pensamento” nesse movimento é a
crença de que ao declarar determinado objetivo, tal desejo já foi alcançado,
bastando crer e esperar que se cumpra. Os ensinos de Quimby falavam sobre o
poder da mente e negavam a existência da matéria, do sofrimento, do pecado e da
enfermidade.
Em artigo
publicado no site Palavra da Verdade, o pastor Esequias Soares afirma que o
pregador Kenyon “se empenhou nas campanhas pregando salvação e cura em Jesus
Cristo dando ênfase aos textos bíblicos que falam de saúde e prosperidade.
Aplicava a técnica do poder do pensamento positivo. Orava pelos enfermos e
muitos foram salvos e curados, mas outros não. Não era pentecostal, pastoreou
várias igrejas e fundou outras. Kenyon foi influenciado pelas seitas Ciência da
Mente, Ciência Cristã e a metafísica do Novo Pensamento. Kenyon é reconhecido
hoje como o pai do Movimento Confissão Positiva, também conhecido como Teologia
da Prosperidade, Palavra da Fé ou Movimento da fé, pois influenciou Kenneth
Hagin”.
Kenneth
Hagin foi um dos grandes entusiastas do século 20 a respeito dos ensinos de
Kenyon. O pastor Soares relata que “Hagin estudava os escritos de Kenyon e
divulgava esses ensinos kenyanos em livros, cassetes e seminários, dando ênfase
a confissão positiva. Em 1974 fundou o Centro Rhena de Adestramento Bíblico, em
Oklahoma. Muitos pastores e movimentos foram influenciados por Hagin. Em 1979,
Hagin, Kenneth Copeland, Frederick Price,
Charles Capps e alguns outros fundaram a Convenção Internacional de Igrejas da
Fé, em Tulsa, Oklahoma” relembra.
Com
grande visibilidade e acumulando seguidores, Hagin passou a estruturar melhor
sua “Teologia da Prosperidade” e passou a pregar que Jesus havia sido rico.
“Afirmam que Jesus vivia numa casa grande, administrava muito dinheiro, por
isso precisava de um tesoureiro, e usava roupa de grife. Cremos não haver
necessidade de refutar tais idéias, pois todos sabem que Jesus “se fez pobre,
para que pela sua pobreza, enriquecêsseis”, 2 Coríntios 8.9. Compare ainda
Lucas 2.21-24 com Levítico 12.2-4, 6, 8; 9.5, 8”, rebate o pastor Esequias
Soares.
Boa parte
da argumentação de dos ensinamentos de Hagin são baseados em uma distorção
etimológica, segundo o pastor Soares. Hagin distinguia os termos gregos Rhema e
Logos, que significam palavra. Porém, para Hagin, cada um deles tinha uma
representação diferente: “Ele afirma que logos é a palavra de Deus escrita, a
Bíblia e que rhema é a palavra falada por Deus em revelação ou inspiração a uma
pessoa em qualquer época, de modo que o crente pode repetir com fé qualquer
promessa bíblica, aplicando a sua necessidade pessoal, e exigir seu
cumprimento”.
Com isso,
Kenneth Hagin argumentou e convenceu milhares de pastores e influenciou boa
parte dos cristãos. “A base da confissão positiva é a fé. O crente deve
declarar que já tem o que Deus prometeu nos textos bíblicos e tal confissão
pode trazer saúde e prosperidade financeira. A confissão negativa, por sua vez,
é reconhecer a presença das condições indesejáveis. Em outras palavras, você
nega a existência da enfermidade e ela simplesmente deixará de existir. Isso é
o que ensinava Quimby e ensina ainda hoje a seita Ciência Cristã. Atribuir
tanta autoridade assim às palavras de uma pessoa extrapola os limites bíblicos.
Além disso, não é verdade que haja essa diferença entre logos e rhena. Deus é
Senhor e soberano e nós os seus servos. O Senhor Jesus nos ensinou na chamada
Oração do Pai Nosso: “Seja feita a tua vontade, tanto na terra como no céu”,
Mateus 6.10. Essas duas palavras gregas são usadas alternadamente para indicar
a Bíblia”, desmistifica o pastor Soares.
Para
Soares, a Bíblia possui passagens que contradizem a Confissão Positiva e que a
promessa do perdão, por exemplo, parte da confissão de culpa: “A Bíblia diz que
devemos confessar nossas culpas para que sejamos sarados (Tiago 5.16) e isso
não parece ser confissão positiva. Apóstolo Paulo afirma haver se contentado
com a abundância e com a escassez (Filipenses 4.11-13). É verdade que a doença
é conseqüência da queda do Éden, mas dogmatizar que todos os enfermos estão em
pecado ou não têm fé é ir além do que está escrito”.
A divisão
entre os que defendem as teses da Confissão Positiva, ou Teologia da
Prosperidade e os que vão contra esse movimento é algo que acirra nervos entre
seus adeptos. O pastor Soares encerra seu artigo incentivando o debate entre as
partes e classifica o movimento da Confissão Positiva como uma distorção:
“Algumas pessoas vêem as aberrações da confissão positiva, mas às vezes hesitam
em rebater esses abusos temendo dividir o povo de Deus, ou até mesmo ser
reputado como incrédulo ou anti-pentecostal”, conclui. (G+)
Nenhum comentário:
Postar um comentário