A
economia continuará a ser o principal desafio da presidente Dilma Rousseff. Na
política, houve dificuldades, mas não chegaram a ameaçar um governo que
desistiu de aprovar grandes reformas no Congresso, como fizeram FHC e Lula em
seus primeiros anos.
A
grande armadilha de 2012 é a do crescimento baixo com inflação alta. Dilma
precisará escapar dela para chegar bem aos dois últimos anos do primeiro
mandato. Apesar de ainda estar num patamar elevado para padrões civilizados, a
inflação tende a ser um problema menor no ano que vem do que manter aceso um
PIB (Produto Interno Bruto) próximo a 4% ao ano.
Por mais óbvio que pareça, estimular o crescimento deve ser a prioridade da presidente. É importante que se diga isso porque, devido ao trauma do passado, há uma preocupação bem maior dos analistas financeiros e da imprensa com o controle da inflação.
Por mais óbvio que pareça, estimular o crescimento deve ser a prioridade da presidente. É importante que se diga isso porque, devido ao trauma do passado, há uma preocupação bem maior dos analistas financeiros e da imprensa com o controle da inflação.
Legal
que seja assim, mas certo excesso de preocupação ajudou a criar o clima
político que impediu no governo Lula uma queda maior da taxa básica de juros, a
Selic. E o Brasil perdeu a chance de crescer mais a um custo menor. Afinal, a
maior despesa do Orçamento da União, quase a metade dos R$ 2 trilhões, é
destinada à amortização e rolagem de nossa dívida pública.
Não
custa repetir: o crescimento da economia é o caminho mais eficiente para
diminuir a desigualdade social e realizar investimentos em educação e saúde que
façam a diferença de uma geração de brasileiros para outra.
O que ele pensa
O
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem elogiado o primeiro ano do governo
Dilma. No entanto, faz reparos sobre uma das prioridades. Avalia que Dilma
deveria ter dado mais gás ao PAC 2, a segunda fase do Programa de Aceleração do
Crescimento.
Na
opinião de Lula, destacar o “Brasil sem Miséria” foi um erro. O colchão social
brasileiro estaria bem encaminhado, melhorando a cada dia. O ex-presidente acha
que seria mais necessário acelerar os investimentos em infraestrutura,
fundamentais para que o país tenha taxas de crescimento econômico maiores por
período mais longo.
Bastidores da
reforma
Dilma
viajou para a Bahia e mandou a turma ficar quieta.
Está
confirmada a transferência de Aloizio Mercadante da Ciência e Tecnologia para a
Educação. Mercadante recebeu aquele empurrão de um cidadão que Dilma escuta:
Luiz Inácio Lula da Silva.
Foi
um baita empurrão. Dilma já havia convidado José Henrique Paim Fernandes,
secretário-executivo da Educação, para substituir Fernando Haddad,
pré-candidato do PT à Prefeitura de São Paulo.
Mas
Lula entrou em ação. Dilma chamou Haddad para uma conversa. O ministro da
Educação saiu quase chorando do Palácio do Planalto. Mas obteve o compromisso
de que haveria modificações mínimas na equipe do ministério.
Para
a vaga de Mercadante, além de um nome da comunidade científica, Dilma recebeu
sugestão para tentar trazer Ciro Gomes (PSB) de volta ao primeiro escalão de um
governo petista. Há complicadores, como costurar com o governador de Pernambuco
e presidente do PSB, Eduardo Campos, que resiste a dar palanque a Ciro.
O
PT adoraria o retorno de Ciro. Avalia que, assim, ele criticaria menos o
partido. Mais: no sonho petista, Dilma poderia tirar a secretaria de Portos do
PSB e dá-la ao PP. Apesar de a saída de Mario Negromonte ser dada como certa, o
PP não está disposto a entregar ao PT o estratégico Ministério das Cidades.
Nos
Transportes, a presidente não quer saber do deputado federal Luciano Castro
(PR-RR) para suceder Paulo Sérgio Passos, de quem gosta. No entanto, aceita
analisar outras opções. O difícil é achar um nome.
A
permanência de Ana de Hollanda na Cultura dependerá mais da vontade da
ministra. O governo avalia que o Ministério da Cultura precisaria melhorar a
sua relação com a classe artística, mas perdeu força a queimação de Hollanda.
Eventuais
trocas de secretários-executivos poderão segurar ministros que estão
balançando, como Afonso Florence (Desenvolvimento Agrário).
Anda
assim o fechado debate interno sobre a reforma ministerial. A provável data de
sua implementação é a segunda quinzena de janeiro.
Tendências
presidenciais
Quem
acompanha a articulação política do governo diz que o Palácio do Planalto
cederá à Fifa e permitirá que se aprove na Lei Geral da Copa a permissão de
venda de bebidas alcoólicas nos estádios. Mas o Planalto deverá bater o pé e manter
a meia-entrada para os idosos.
No
Código Florestal, a expectativa é que Dilma não vete a anistia para quem
reflorestar a área que desmatou, dispositivo que deverá ser confirmado em nova
votação na Câmara dos Deputados. (Diário
do Congresso)
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