30 dezembro 2011

O principal desafio da presidente Dilma Rousseff em 2012


A economia continuará a ser o principal desafio da presidente Dilma Rousseff. Na política, houve dificuldades, mas não chegaram a ameaçar um governo que desistiu de aprovar grandes reformas no Congresso, como fizeram FHC e Lula em seus primeiros anos.
A grande armadilha de 2012 é a do crescimento baixo com inflação alta. Dilma precisará escapar dela para chegar bem aos dois últimos anos do primeiro mandato. Apesar de ainda estar num patamar elevado para padrões civilizados, a inflação tende a ser um problema menor no ano que vem do que manter aceso um PIB (Produto Interno Bruto) próximo a 4% ao ano.
Por mais óbvio que pareça, estimular o crescimento deve ser a prioridade da presidente. É importante que se diga isso porque, devido ao trauma do passado, há uma preocupação bem maior dos analistas financeiros e da imprensa com o controle da inflação.
Legal que seja assim, mas certo excesso de preocupação ajudou a criar o clima político que impediu no governo Lula uma queda maior da taxa básica de juros, a Selic. E o Brasil perdeu a chance de crescer mais a um custo menor. Afinal, a maior despesa do Orçamento da União, quase a metade dos R$ 2 trilhões, é destinada à amortização e rolagem de nossa dívida pública.
Não custa repetir: o crescimento da economia é o caminho mais eficiente para diminuir a desigualdade social e realizar investimentos em educação e saúde que façam a diferença de uma geração de brasileiros para outra.

O que ele pensa
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem elogiado o primeiro ano do governo Dilma. No entanto, faz reparos sobre uma das prioridades. Avalia que Dilma deveria ter dado mais gás ao PAC 2, a segunda fase do Programa de Aceleração do Crescimento.
Na opinião de Lula, destacar o “Brasil sem Miséria” foi um erro. O colchão social brasileiro estaria bem encaminhado, melhorando a cada dia. O ex-presidente acha que seria mais necessário acelerar os investimentos em infraestrutura, fundamentais para que o país tenha taxas de crescimento econômico maiores por período mais longo.

Bastidores da reforma
Dilma viajou para a Bahia e mandou a turma ficar quieta.
Está confirmada a transferência de Aloizio Mercadante da Ciência e Tecnologia para a Educação. Mercadante recebeu aquele empurrão de um cidadão que Dilma escuta: Luiz Inácio Lula da Silva.
Foi um baita empurrão. Dilma já havia convidado José Henrique Paim Fernandes, secretário-executivo da Educação, para substituir Fernando Haddad, pré-candidato do PT à Prefeitura de São Paulo.
Mas Lula entrou em ação. Dilma chamou Haddad para uma conversa. O ministro da Educação saiu quase chorando do Palácio do Planalto. Mas obteve o compromisso de que haveria modificações mínimas na equipe do ministério.
Para a vaga de Mercadante, além de um nome da comunidade científica, Dilma recebeu sugestão para tentar trazer Ciro Gomes (PSB) de volta ao primeiro escalão de um governo petista. Há complicadores, como costurar com o governador de Pernambuco e presidente do PSB, Eduardo Campos, que resiste a dar palanque a Ciro.
O PT adoraria o retorno de Ciro. Avalia que, assim, ele criticaria menos o partido. Mais: no sonho petista, Dilma poderia tirar a secretaria de Portos do PSB e dá-la ao PP. Apesar de a saída de Mario Negromonte ser dada como certa, o PP não está disposto a entregar ao PT o estratégico Ministério das Cidades.
Nos Transportes, a presidente não quer saber do deputado federal Luciano Castro (PR-RR) para suceder Paulo Sérgio Passos, de quem gosta. No entanto, aceita analisar outras opções. O difícil é achar um nome.
A permanência de Ana de Hollanda na Cultura dependerá mais da vontade da ministra. O governo avalia que o Ministério da Cultura precisaria melhorar a sua relação com a classe artística, mas perdeu força a queimação de Hollanda.
Eventuais trocas de secretários-executivos poderão segurar ministros que estão balançando, como Afonso Florence (Desenvolvimento Agrário).
Anda assim o fechado debate interno sobre a reforma ministerial. A provável data de sua implementação é a segunda quinzena de janeiro.

Tendências presidenciais
Quem acompanha a articulação política do governo diz que o Palácio do Planalto cederá à Fifa e permitirá que se aprove na Lei Geral da Copa a permissão de venda de bebidas alcoólicas nos estádios. Mas o Planalto deverá bater o pé e manter a meia-entrada para os idosos.
No Código Florestal, a expectativa é que Dilma não vete a anistia para quem reflorestar a área que desmatou, dispositivo que deverá ser confirmado em nova votação na Câmara dos Deputados. (Diário do Congresso)

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